Homofobia em programas de Esporte

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Em 2008, um relatório da Comissão de Direitos Humanos da África do Sul revelou um alarmante e "crescente fenômeno de estupro 'corretivo'" nas escolas de todo o país, com meninos acreditando que meninas lésbicas precisam ser estupradas a fim de "corrigir" sua orientação sexual. O "Estupro corretivo" tem duas dimensões: a violência contra mulheres e a homofobia. Ativistas dizem que 31 lésbicas foram assassinadas por causa de sua sexualidade na última década e mais de 10 lésbicas são estupradas ou vítimas de estupros de "gangues" por semana somente em Cape Town. 

Homofobia é um dos fatores que contribui com o número de abusos no Esporte e, juntamente com outras formas de discriminação, faz do Esporte uma atividade perigosa para muitas crianças. Em todas as regiões do mundo, pessoas sofrem violência, assédio, discriminação, exclusão, estigmatização e preconceito devido à sua orientação sexual ou identidade de gênero.

Meninas podem sofrer violência com base em sua orientação sexual caso ela seja lésbica ou seja percebida como uma. Em muitas comunidades, a força física de uma mulher atlética é considerada desviante do padrão de gênero e associada à homossexualidade. Em todo o mundo, atletas gays mantêm sua identidade sexual em segredo, pois temem que a revelação resultará em exclusão social pela equipe, discriminação pelos(as) colegas e treinadores(as), perda de oportunidades ou casos de violência física ou sexual. Em alguns países, atos homossexuais ainda são punidos por lei.

Há três anos, na cidade de Kwathema, Eudy Similane foi encontrada morta, parcialmente nua, vítima de estupro em grupo, espancada e esfaqueada. Eudy jogava futebol pela equipe nacional sul-africana Banyana Banyana e pelo Spring Home Sweepers F.C. Quem a conhecia recorda-se de como ela era talentosa, apaixonada pelo que fazia e humilde. Ela foi uma "ativista voraz pela igualdade de direitos" e uma das primeiras mulheres a viver abertamente como lésbica em Kwathema.

Desde da perspectiva de concepção de um programa de esportes, todos(as) os(as) funcionários(as) e participantes têm a obrigação de proteger as meninas de riscos como este e de qualquer violência ou maus-tratos, independentemente de sua posição ética ou religiosa. Questões de homofobia devem ser abordadas de forma aberta e intransigente como em qualquer outra forma de Violência Baseada em Gênero.

Abuso Sexual de Meninas e Mulheres com Necessidades Especiais

  • Meninas e mulheres com necessidades especiais estão expostas a um risco ainda maior de abuso físico e sexual por sua condição de mulher e por sua vulnerabilidades/deficiências."Em comparação com mulheres sem deficiência, meninas e mulheres com deficiência estão mais propensas a vivenciar intensas situações de abuso, incluindo a combinação de vários incidentes, autores múltiplos e de maior duração".
  • Um estudo epidemiológico realizado por Sullivan & Knutson em 200, revelou uma taxa de 9% de maus tratos a crianças sem deficiência versus 31% em crianças com deficiência.Também foi concluído que crianças com deficiência têm chances 3,4% maiores de serem abusadas.
  • Meninas e mulheres com necessidades especiais são mais suscetíveis à Violência Baseada em Gênero?
  • É mais difícil para elas gritar por ajuda, protestar ou se afastar
  • Elas podem ser menos conscientes das leis que as protegem e ter menos acesso à informação.
  • Mulheres e meninas com necessidades especiais podem ter problemas de mobilidade que as tornam mais suscetíveis à Violência Baseada em Gênero e incapazes de fugir de seus agressores.
  • Mulheres e meninas com deficiências cognitivas e de comunicação terão dificuldade em entender e denunciar a Violência Baseada em Gênero.

Meninas e mulheres com necessidades especiais precisam saber o que fazer para prevenir a violência e abuso. É necessário educá-las de maneira a gerar maior consciência sobre a Violência Baseada em Gênero. Do ponto de vista dos programas esportivos, Esporte pode reforçar a auto-estima, ajudando uma menina com necessidades especiais a reconhecer o que a faz se sentir bem e coisas que ela gosta nela mesma.  

Footnotes: 

66 . UNICEF report on Protecting Children from Violence in Sport prepared by the Innocenti Center, p 14

67 . “Teenage lesbian is latest victim of 'corrective rape' in South Africa” at  http://www.guardian.co.uk/world/2011/may/09/lesbian-corrective-rape-sout...

68 . “Raped and killed for being a lesbian: South Africa ignores 'corrective' attacks” at http://www.guardian.co.uk/world/2009/mar/12/eudy-simelane-corrective-rap...

69 . “Preventing Violence against Women and Girls with Disabilities”, April 2011, Pacific Rim International Conference on Disabilities. Retrieved from http://wwda.org.au/wp-content/uploads/2015/04/Think-Piece_WWD.pdf

70 . Sullivan, P. & Knutson, J. (2000). Maltreatment and disabilities: A population-based epidemiological study. Child Abuse & Neglect, 24 (10), 1257-1273.

71 . Retrieved from www.genderlinks.org.za/attachment.php?aa_id=10984